Secretaria Municipal de Educação
Diretoria Regional de Educação do Ipiranga
Berçários BII A/B - turno:
tarde
Professoras: Camila Vigatto e Lígia
Santos
CARTA DE INTENÇÕES – 2020
Queridas Famílias e
Comunidade Escolar,
Esta carta de intenções
tem por finalidade contar um pouco do que pensamos e desejamos realizar em 2020
junto aos nossos bebês e crianças. Este percurso será alinhado com nosso
Projeto Político Pedagógico, em todas nossas concepções de infância e ações
pedagógicas, também será pautada nos princípios do Currículo da Cidade:
Educação Infantil, que são documentos norteadores do nosso fazer pedagógico,
aprimorando nossas ações e contribuindo para qualificação constante das
experiências promovidas junto e com os bebês, crianças e famílias. Será
construída, alimentada e revisitada durante o decorrer do ano ou quando se
fizer necessário, para que possamos a partir das nossas vivências ,
experiências, principalmente da escuta e observação dos nossos bebês e
crianças, ampliando e ajustando nosso olhar e fazer pedagógico, priorizando
sempre o desenvolvimento integral dos bebês e crianças.
Como receber nossas
crianças? As novas que estão chegando e as que já estavam na Unidade
Educacional no ano anterior, com suas histórias, seus familiares, seus
saberes...sim porque cada bebê e criança traz consigo suas aprendizagens e
culturas. Como poderemos acolhê-los e ampliar suas explorações de mundo e
contribuir com sua formação de sujeito de direitos, pertencente a esta
sociedade? Questionamentos como esses, nos fizeram pensar, pesquisar e planejar
com antecedência, com muito cuidado e carinho nossos espaços e as ações para
essa primeira fase, o acolhimento, a adaptação. Nosso primeiro passo foi pensar
e planejar as ações para construir uma boa relação com as famílias, afinal os
pais também se sentem inseguros quanto ao ambiente que acolherá e cuidará dos
seus pequenos, dos seus tesouros.
Convidamos as famílias a
fazerem parte desta adaptação, partindo deste momento de aquisição,
desenvolvimento de vínculos afetivos e da cumplicidade no processo educativo.
Garantimos alguns dias exclusivos para os pais estarem com seus bebês e
crianças dentro da escola. Para favorecer essa ambientação e adaptação
dividimos a turma em dois horários alternando-os, proporcionando a
disponibilidade de acolhida e atenção tanto das professoras do período da manhã
como as do período da tarde, gerando assim uma atmosfera mais tranquila e
segura. Criamos momentos aconchegantes e reflexivos de conversas, interações, trocas de
informações e anseios; apresentamos como o processo de adaptação acontece e
seus desdobramentos; oportunizamos aos pais momentos da nossa rotina cotidiana
como protagonistas, experienciando a refeição (degustando e incentivando os
bebês a experimentarem os alimentos oferecidos), estando a vontade para trocas
e higiene; escutando histórias; realizando
junto com os bebês e crianças a
pintura da sacola que usaremos para o Projeto Biblioteca circulante;
percorremos os espaços internos e externos, os parques, a horta, parque sonoro
e o jardim sensorial ( sendo a exploração desse momento apreciado pelas
famílias, que ficaram encantados com nossa estrutura e possibilidades de
exploração da natureza e espaços) e finalizamos com a apresentação da nossa
metodologia. Todo esse percurso foi importante para compartilharmos com as
famílias como se dará nosso fazer pedagógico, ressaltando as características e
peculiaridades desta fase, o Berçário II, partindo das potencialidades desta
faixa etária e focando nos dois principais eixos da educação Infantil, as
interações e brincadeiras.
No decorrer do ano letivo,
desenvolveremos os projetos a seguir mencionados, iniciando agora no primeiro
semestre, aprofundando e consolidando-os até o término do segundo semestre.
·
Projeto “Eu, o outro e nós”: Como sabemos, os bebês e crianças são
protagonistas de suas próprias histórias e estão iniciando a construção de sua
identidade, processo esse que se dará no decorrer de toda sua existência. Essa
construção se manifesta através das interações com o outro e com o meio em que
vive, nesse processo os bebês e crianças percorrem diversos caminhos entre
família, escola e o mundo que a cerca. Dentro deste contexto, como professoras,
mediadoras e incentivadoras desse caminhar, proporcionaremos vivências de forma
lúdica com intuito de reconhecer sua própria imagem e identificar a figura do
outro; conhecer os limites e sensações que seu corpo produz; construir uma
identidade pessoal e cultural valorizando suas características e as dos outros,
com respeito à diversidade; estimular e desenvolver atitudes de autocuidado,
hábitos de higiene, alimentação e segurança.
·
Projeto “Sensações”: O
Berçário II contempla uma fase em que as crianças estão descobrindo o mundo
através das sensações e estímulos, este mundo é dominado pelas sensações
trazidas pelo tato, visão, audição, paladar e olfato e todos estes momentos têm
sabor de descoberta, que serão enriquecidos pelas professoras, criando de forma
lúdica experiências, espaços e desafios. Neste sentido todo o processo de
estimulação objetiva favorecer à criança reconhecer seu próprio corpo, suas
funções e as sensações. Para tal, no projeto “Estimulação
Sensorial iremos possibilitar o manuseio de elementos que causem estranheza nas
crianças. Oportunizaremos
o contato com elementos da natureza; experiências com diferentes texturas e
consistências; vivências utilizando a intensidade de luzes, cores, sons e
efeitos sonoros; experiências olfativas com odores e aromas e orais com sabores
(degustação de frutas: morango, kiwi, limão). Propiciando atividades
divertidas e estimulando seus diferentes sentidos.
·
Projeto “Biblioteca Circulante” (Institucional): Por meio de histórias
lidas, contadas e vivenciadas, desejamos que os bebês e crianças, desenvolvam o
gosto pela leitura e o comportamento leitor, estimulando a criatividade,
ampliando seu vocabulário, enriquecendo sua linguagem oral, bem como a participação
e integração dos pais na vida escolar
dos filhos, que participarão do projeto fazendo a leitura desses livros em
casa, proporcionando assim um momento rico e prazeroso com eles. Uma vez por
semana ou a cada quinze dias uma criança levará a sacola (que personalizaram
junto a seus pais) com um livrinho. Os títulos serão escolhidos pelas
professoras de acordo com cada faixa etária e no final todos os livros serão
rodiziados, contemplando todas os bebês e crianças. Para incentivar o
protagonismo infantil, convidaremos os bebês e crianças a fazerem suas próprias
escolhas, dispondo os livros para que manuseiem e apreciem, sendo feita
anteriormente a leitura dos mesmos, para que as crianças já estejam
familiarizadas com as obras.
Desde já, nos subscrevemos e agradecemos
antecipadamente a parceria para um ano de alegrias e muitas aprendizagens.
As professoras.
Revisitando a
carta de intenções...
Percebemos que o período
de adaptação foi muito mais tranquilo este ano, atribuímos esse fato a alguns
pontos, desde o ano anterior estamos nesse percurso, pensando e planejando,
buscando formas de amenizar o impacto que essa transição causa nos bebês e
crianças e consequentemente em suas famílias, também por abrirmos as portas da
Unidade acolhendo a todos, tornando esse momento prazeroso e significativo. A
presença das famílias nos primeiros dias, fez com que os bebês se sentissem
mais seguros e confiantes, mesmo sendo comum a esse período algum chorinho e
saudades de suas famílias, gradativamente foram se familiarizando a rotina
escolar e demonstrando prazer em estar nesse ambiente.
Iniciamos as vivências de
forma acolhedora, com rodas de músicas, contação de histórias, incentivando os
bebês e crianças nas explorações dos ambientes internos, no percurso da sala
até o refeitório, reconhecendo a mesa em que fazem as refeições, estabelecendo
rotina de higiene e dando-lhes autonomia nesses momentos. Encorajamos as
descobertas, o dançar, explorar movimentos corporais, subir, descer, girar...
também, proporcionamos várias possibilidades de brincar, com diferentes
materiais estruturados (bolas, carrinhos, blocos de montar, bonecas) e de largo
alcance (sucatas, potes, madeiras, caixas). Utilizamos divertidas estratégias, explorando os espaços
da escola e estimulando-os com experiências sensoriais, com elementos naturais,
como areia, terra, junto a árvore do parque, brincando com pedrinhas, de forma
que os bebês e crianças naturalmente, fossem se adaptando e criando laços, com
as professoras, amiguinhos e com o novo espaço de aprendizagens.
Mudanças
inesperadas em nossas vidas...
E de repente tudo mudou...
de uma hora para outra, fomos surpreendidos com um vírus letal, que chegou até
nossas vidas, trazendo consigo, espanto, dor e sofrimento. Foi decretado
Pandemia, o COVID-19 se espalhou por diversas partes do mundo e se fez
necessário o isolamento social, o distanciamento!
As escolas foram fechadas,
uma parada repentina, alheia a nossa vontade, momento de incertezas, de
angústias, de reflexão, de mudanças nos planos, de tomada de decisões...momento
de pararmos para cuidar um do outro, dos nossos, da saúde em primeiro lugar.
Tivemos mudanças no calendário escolar, o Recesso Escolar foi antecipado, uma
decisão que não nos coube. Nos vimos obrigados a adiar planos e buscar novas
saídas, principalmente a nos adaptar as novas circunstâncias, mesmo sem
entendermos de fato o que estava acontecendo conosco. E da mesma forma que
tivemos que parar diante de tantas incertezas, voltamos, mas agora de uma forma
totalmente diferente, virtual, distante do que é nosso trabalho no cotidiano da
Educação Infantil, no entanto entramos dentro desta realidade controversa,
tentando fazer o nosso melhor, dentro de um novo caminhar, distante dos bebês,
lidando com um futuro incerto, nos replanejando, nos reinventando e pensando
estratégias para esse novo momento. Nos adaptando e usando novas ferramentas,
tentando assim dar continuidade ao nosso trabalho junto as nossas famílias,
bebês e crianças.
Diante de tantos desafios,
encontramos o melhor caminho possível, encarando de frente a realidade que
estamos enfrentando, respeitando os espaços das famílias, buscando nos
aproximar da melhor forma possível, tentando entender suas realidades,
lembrando que todos estamos vivendo uma diferente rotina, em condições
diferentes das que temos na escola. Elaborando vivências contextualizadas,
embasadas no nosso Projeto Político Pedagógico, de acordo com o Currículo da
Cidade: educação Infantil, as quais tem relação com a prática, com a vida
cotidiana. Colaborando com os pais na produção simbólica, de forma lúdica,
fugindo da sistematização conteudista, sendo agentes de informação e
desenvolvimento humano, fazendo a manutenção de vínculos, conservando em nossas
ações a concepção de infância e de Educação Infantil. Cumprindo como escola, o nosso papel social,
e não paralisarmos diante do medo de sermos assistencialistas, precisamos saber
de algumas coisas, sobre como estão nossas famílias neste momento, como estão
se organizando, para podermos ajudá-los, pois, a educação é um direito da
criança mas não é o único, ela precisa de condições para se alimentar, ser
cuidada, ter segurança, ser protegida.
Perspectivas
para o retorno...
Nossa perspectiva para o
retorno é de que estejamos todos juntos na volta, familiares, bebês e crianças,
equipe escolar...todos, porque toda vida importa! Que esse afastamento tenha
dado resultado na preservação da saúde e da vida, pois, o isolamento social foi
para isso.
Tem uma questão emocional,
não podemos fingir que nada aconteceu, ou que estamos voltando de um período de
férias e não é só com bebês e crianças, mas com toda comunidade escolar, para
que se readapte, que consiga enfrentar a nova realidade...o retorno, apesar de
todas as experiências vividas durante o confinamento. Que estejamos bem...
Passamos como sociedade e a escola é formada por parte desta sociedade, por um
trauma coletivo e todos nós estaremos juntos, nos recuperando coletivamente,
família, escola e sociedade. Se faz necessário uma readaptação, vamos começar
tudo de novo e agora com bebês e crianças que passaram por uma experiência
diferente do que passam normalmente, ou o que se espera que tenham vivido até 1
ano e pouco e idade. São bebês que passaram por uma experiência de isolamento
social, faremos uma readaptação com sujeitos sociais, sujeitos do seu tempo e
que viveram essa realidade distinta, dentro do seu tempo.
Os Centros de Educação
Infantil são locais privilegiados, favorecendo o desenvolvimento das relações
humanas, sociais e democráticas, tendo como eixo as brincadeiras e as
interações. Nosso Cei, particularmente conta com espaços maravilhosos e contato
com elementos da natureza, que convidam e despertam para explorações,
movimentos e descobertas, abrindo-nos um leque de possibilidades para o desenvolvimento
e diversão dos bebês e crianças. Pensando em tudo isso, mesmo sendo o futuro
somente previsto e sem data, queremos acolher e estar com os bebês, crianças e
suas famílias, com muito carinho e respeitando a necessidade real de cada um,
inserindo-os novamente no ambiente escolar. Investir nas interações e
brincadeiras, pois, nesta pandemia perdemos coisas simples e estamos sentindo
falta de coisas muito básicas, que as vezes a gente nem dava muito valor, como
os espaços, de satisfazer nossa necessidade de ar livre, da interação com as
pessoas, o poder estar junto, o toque...vivemos uma situação distinta, nunca
antes vivida, e quando pensamos que é nas interações que a gente se desenvolve,
constatamos que nossos bebês e crianças foram tolhidos com o confinamento, com
o afastamento dos amigos, do ambiente escolar, das vivências, explorações e da
própria cultura da infância. Queremos o brincar e as interações presentes e
fazendo parte do nosso cotidiano, seja na sala de referência, no parque, nos
corredores, ou em qualquer outro espaço da escola. Retomaremos nossos projetos,
permitindo que os bebês e crianças vivenciem diferentes papéis, expressando
suas emoções aprendendo a lidar com elas, conviver construindo e socializando
com o grupo, partilhar descobertas, conhecer o próprio corpo, suas capacidades
e limites, desenvolvendo suas potencialidades.
Esperamos com amor, até
breve...
As
professoras.
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