Carta de Intenções - Berçário I A e B –
2020
Iniciamos o
ano com 14 bebês de 0 a 11 meses, o agrupamento é bem diversificado dentro
dessa faixa etária, sendo que alguns se encontravam logo nos primeiros meses de
vida e outros já engatinhavam e ensaiavam os primeiros passos. Para que nesse início fosse assegurada uma
adaptação tranquila para os bebês e suas famílias foi proposto um horário
diferenciado nesse período de acolhimento, proporcionando momentos de troca
entre as famílias e professoras e que pudéssemos conhecer melhor os gostos e
preferências de cada um. Definimos
um escalonamento de horários, para que os pequenos aumentassem gradualmente o
tempo de permanência no CEI, e que aos poucos pudessem estabelecer vínculo com
as professoras, os colegas e o ambiente.
Foram
realizadas diferentes reflexões, diálogos e troca entre a equipe pedagógica,
para elaborarmos um planejamento voltado ao acolhimento. O foco principal era
oferecer maior segurança aos bebês e famílias e diminuir as angústias diante
dessa primeira separação pois normalmente é a primeira experiência fora do
âmbito familiar.
O contato
inicial dos bebês juntamente com a família nos primeiros momentos no CEI foi de
extrema importância e rico em trocas de informações entre famílias e
professoras a fim de conhecer e entender seus costumes e hábitos que, irão
compor seu desenvolvimento durante a rotina do berçário. Foi essencial a escuta do que os
familiares esperavam e explicar as concepções e os processos de
aprendizagem que serão desenvolvidos durante o nosso ano letivo. Apresentamos
os espaços, a equipe, a linha de tempo das vivências, cuidados, alimentação e
descanso assim como a oportunidade de participação da família, construindo um
elo inicial de parceria para que juntos pudéssemos construir um ambiente
saudável de acolhimento e descobertas significativas.
Dentre os
estímulos de desenvolvimento integral no berçário, estão a fala, onde vivências
de emissões de sons ao balbuciar, imitação, observação do tom de voz durante
uma contação de histórias, ao ouvir cantigas de roda, nas interações entre
adultos e bebês durante os momentos da rotina, em que desenvolverão expressões
faciais e gestuais, construindo sua aprendizagem ao fazer parte das diferentes
e ricas experiências de sua vivência, à medida que se relacionam através das
interações e brincadeiras.
Ao vivenciar
as situações de forma integral, acolhemos os bebês e suas emoções, seus desejos
e interesses, cuidando e educando-os como sujeitos ativos, que se constituem
nas experiências vividas.
A
aprendizagem se constrói acolhendo, ouvindo, encorajando, apoiando no sentido
de desenvolver o pensar e agir, os seus gestos, suas expressões e desenvolvem
as suas múltiplas linguagens pertencentes a um território.
Serão
planejados momentos, ambientes e materiais que proporcionem brincadeiras,
estimulem a interação, relações de amizade, solidariedade e cooperação entre
todos os bebês.
Buscamos uma
escuta ativa e atenta as diversas formas de expressão dos bebês, compreendendo
as suas linguagens próprias e ao que estão nos dizendo por meio do gesto, do movimento,
do choro, da fala e as diferentes maneiras de se comunicarem, cada qual com a
sua peculiaridade.
Iremos
estimular os bebês através das brincadeiras, favorecendo o engatinhar, subir,
descer, pular em pequenos obstáculos e rolar. Serão propostos momentos de interação de
bebês da mesma idade e diferentes faixas etárias, favorecendo a autonomia na
exploração do ambiente e do próprio corpo. As brincadeiras visam a descoberta
do mundo através da exploração sensorial dos bebês, podendo manipular objetos
de diferentes formas, cores, tamanhos e texturas, sendo elementos da natureza
ou materiais não estruturados. Iremos
propor vivências que aguçam a curiosidade dos bebês e que despertem o interesse
em empilhar, montar, selecionar e separar usando diferentes critérios de
percepção.
Faremos
projetos voltados aos sentidos como o paladar, experimentando sabores variados
como doce, salgado, amargo, azedo, assim como também, outros aspectos como o
tato, através de atividades sensoriais com texturas macias, ásperas, lisas,
rugosas, pegajosas, além de sensações através do olfato e aromas encontrados na
natureza, entre eles, ervas, frutais e outros.
Atividades
com tintas feitas a partir de elementos naturais como café, açafrão, beterraba,
espinafre, cenoura e outros, proporcionando momentos de liberdade criativa e
novas experiências de cores e texturas.
O projeto
sonoro também faz parte das nossas intenções, com as interações no parque
sonoro, manipulação e exploração de instrumentos musicais, produção de sons com
a boca, mãos e corpo, e atividades lúdicas com brinquedos sonoros
confeccionados a partir de materiais não estruturados.
Após
este breve início de ano com os bebês, interrompemos nossas ações educativas
presenciais por circunstâncias da quarentena que visa garantir o isolamento
social por conta da Pandemia de Covid19, uma doença com alto grau de
letalidade. Por conta desta situação inédita, surgiu a necessidade de retomar
os nossos documentos orientadores, para replanejar este período de atendimento
através do trabalho remoto onde buscamos, orientadas pela Secretaria Municipal
de Educação, estabelecer contato com as famílias no intuito de preservar este
vínculo que estava se formando, através da escuta das suas necessidades, dicas
e apoio pedagógico. Nossa intenção é que as famílias se sintam acolhidas e que
este vínculo se mantenha, fortalecendo-se através desta troca de informações.
Conforme
orientações pretendemos dialogar com as famílias mantendo uma comunicação
através de ferramentas de comunicação virtual como: Google Sala de aula, Blog
Cei Parque Fongaro, Facebook da escola, grupo de WhatsApp e por e-mail
institucional. A fim de estabelecer um diálogo para com as famílias enviamos
dois questionários para pesquisa de opinião, exercitando esta escuta tão
importante neste momento. Nossa intenção é proporcionar espaço de diálogo para
com as famílias, trazendo sugestões de vivências prazerosas e que favoreçam a
interação de toda a família.
Até o momento a adesão das famílias
ao uso do ambiente virtual está em ampliação, apenas 6 famílias responderam aos
questionários encaminhados via Google Forms e somente alguns pais relatam
interesse em compartilhar trocas de experiência através de mídias digitais. A
partir da análise das respostas encaminhada através dos questionários é
possível compreender que as famílias têm dificuldade de conciliar as atividades
diárias do cuidado de bebês tão pequenos com a organização de momentos de
brincadeira e exploração, mas que estão abertas a novas sugestões. Iremos
continuar investindo esforços para maior participação das famílias e que o uso
dessas ferramentas de comunicação fortaleça o vínculo entre família e a equipe
pedagógica.
Ao
retornar para a U.E, voltaremos a nossa proposta inicial de acolhimento aos
bebês e famílias com olhar sensível a necessidade individual de cada um,
considerando inclusive os bebês novos que já estão matriculados, mas ainda não
começaram a frequentar o CEI, devido terem poucos meses de vida.
Pretendemos
dar continuidade aos projetos institucionais da Horta Pedagógica e da Maleta
Literária, que favorecem a integração de todos do CEI através da contribuição
de cada agrupamento de acordo com as conquistas de cada faixa etária.
Desejamos que, ao final desse período
crítico, em nosso retorno, a intenção de
ser um espaço de acolhida novamente a estas famílias, buscando garantir seus
direitos de cuidado, de escuta, de desenvolvimento integral dentro do espaço
escolar, numa parceria entre a escola e as famílias de maneira que todos nós
fiquemos fortalecidos ao final desta experiência. As nossas ações continuaram pautadas no
compromisso com o desenvolvimento integral da criança, conforme as Diretrizes
Curriculares, e a concepção de criança de acordo com o nosso Projeto Político
Pedagógico, através de olhar atento, sensível, delicado e observador a todas
suas necessidades.
Professoras: Verônica, Sabrina, Érica e Marlei.